terça-feira, 28 de setembro de 2010

A história do elefante



Quando eu era criança inventava histórias malucas que se transformavam em peças –encenadas pela trupe dos primos e amiguinhos, e em livros –com ilustrações e tudo. Havia em mim tanta liberdade de criação que me sentia inspirada por qualquer assunto, objeto ou pessoa. Os textos saiam em um minuto e eu não tinha vergonha de mostrá-los a ninguém. Eram até encomendados pela minha avó paterna para leitura nas quermesses que participava em Bertioga.



Eu mesma tomava a iniciativa de criar poemas em homenagem aos aniversariantes da família. Lidos em tom de solenidade. A amizade que tinha com as palavras e a intimidade que elas dividiam comigo pareciam tão normais quanto brincar de boneca. O tempo ou alguma experiência de rejeição, (não saberia dizer, sinceramente) me fez capaz de observar o metódo, quebrando para sempre a liberdade não vigiada dos sentidos. E nunca mais consegui escrever com tamanha anarquia.



Virei o elefante preso ao chão por uma cordinha. Tal qual o elefante, que não saía do lugar porque acreditava não poder arrebentar a cordinha, presa ao chão por um toco de madeira, eu desisti de correr atrás da minha cumplicidade com o abecedário. Reza a lenda que o amigo elefante quando pequeno fazia muita, mas muita força para se desvencilhar da cordinha e... nada! Continuava preso ao chão por mais esforço que fizesse. Cresceu temendo a cordinha e mais ainda o toco de madeira.



Mas amigo herbívoro fora do peso hoje você pode romper a cordinha!!! Grito sem dó nem piedade. E então me lembro que também posso resgatar a corrente criativa que me inundava na época dos papéis de carta e do grupo Balão Mágico.



Velhas experiências não podem nos acuar a vida inteira. Devem ser colocadas à prova, sempre. Quando deixamos de buscar os valores que expressam com grande beleza a nossa individualidade (a marca do invisível em cada um de nós) nos matamos em doses homeopáticas. Minguamos sem nos dar conta. Sim, vale a pena insistir naquele sonho guardado no baú. No amor nunca esquecido, no conhecimento não adquirido, na palavra não dita. Porque um dia arrebentamos a cordinha. Seja hoje, ou amanhã.

4 comentários:

  1. Não sabia, Amiga! Achava que vocÊ já estava no terceiro livro, sei lá... juro pra você!
    Esses dias também estava me sentindo como Gulliver, uma gigante presa por pequenas cordinhas e em um livro de PNL descobri que as "cordinhas" são hábitos de crenças limitantes. Como sair dessa? ancorar crenças poderosas de atitudes e palavras positivas, avançar lacunas e ser feliz... nosso objetivo!
    Agradeço e fico muito feliz por ter sido sua cúmplice em tantos momentos de criatividade sua.E mais feliz ainda em saber que "você" voltou!!!
    Sucesso!
    Tati

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  2. Helguitcha!

    Parabéns mais uma vez por está magnífica obra!
    Tenho orgulho de saber de onde venho e oque posso me tornar, pois são pessoas assim que fazem querer ser cada dia melhor!!

    Beijão Helguitcha!!

    PS: mandei um email para você... rs

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  3. Tati
    Momentos em que nos sentimos como Gulliver são importantes porque nos colocam cara a cara com nossos medos. Vale a pena encará-los não para um embate mas para o conhecermos de forma mais generosa. Obrigada pela presença! Beijão! ;)

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