tag:blogger.com,1999:blog-64503497223329532652024-03-21T11:49:44.092-07:00Conversa vai, conversa vemA vida em palavras e tintaHelgahttp://www.blogger.com/profile/16740910314610829254noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-14927822201385186232014-01-21T11:53:00.001-08:002014-01-21T12:24:18.867-08:00Males vorazes<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIHN58Muj8fCYeNFA-19asW7PjZRKVRSKaXjQEFzwiWUgSImD8yzrTJDxt3biENB_JKBysE4d80Qd0JtWGQYfsVbfQkxD6HzcwM62_v5FL0p0Nk9P-1LV41Fr_i4LiuHhi_IEh08cYk3ty/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIHN58Muj8fCYeNFA-19asW7PjZRKVRSKaXjQEFzwiWUgSImD8yzrTJDxt3biENB_JKBysE4d80Qd0JtWGQYfsVbfQkxD6HzcwM62_v5FL0p0Nk9P-1LV41Fr_i4LiuHhi_IEh08cYk3ty/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Quando
se leva uma boa chinelada da mãe pela primeira vez a bunda dói muito. Nessa
hora a arte não vale a surra. E juramos que nunca mais vamos fazer bobagem. Até
que o tempo leva o cor-de-rosa da pele machucada e a lembrança de um ardor que
parecia insuportável. E aí, claro, repetimos a estripulia. Com o tempo acostumamos
com a arte e com a dor. E com o fato de que quanto mais repetimos o erro menos
dói o castigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Adultos,
seguimos na mesma. A chinela, agora repaginada, se chama consciência. Que nos
dá palmadas quando fazemos cagada. A conta vem rápida –sofrimento via Sedex.
A culpa corrói devagarinho, alimentando a descrença em nós. E os pensamentos
acusatórios não poupam detalhes e reprisam o acontecimento como um disco
riscado. Mesmo agora, com 32 dentes, ainda nos encolhemos diante de alguns,
mais cabeludos, decidindo por esquecê-los embaixo do tapete, torcendo os dedos
para que fosse apenas ato falho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Mas
se dermos brecha também nos acostumamos com as bobagens adultas. E o que não
era para acontecer nunca, vira um talvez às vezes, tudo bem de vez em quando,
na mesma medida em que percebemos que a dor no peito já está miúda. A
consciência quase silenciosa. Já nos permitimos aceitar o inaceitável. Sem
choro, nem desculpas. Vamos abrindo espaço para uma maldade que vem de
mansinho, tomando conta dos espaços vazios criados pela anestesia do sentir. Nos
transformando em zumbis vestidos de gente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Sabemos
sobre matanças desmedidas, humilhações e estupros de povos marginalizados e
esquecidos. Uma realidade assustadora. Brutalidade que consta nos jornais. Mas
o que resta é silêncio. Revolta muda. Impossibilidade de ação concreta. O que
podemos fazer, enfim? Vamos empurrando tudo para debaixo do tapete e deixando
de se incomodar com o que não pode ser mudado. Não pensamos mais na selvageria
em terras estranhas. Não sentimos mais a dor dos outros como nossa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">O
caso é que os males vorazes sobrevoam o quintal de casa. Lançam sementes enquanto
caminhamos com o mau hábito de infância de ignorar a chinela. Os valores se
transformam e apenas balançamos a cabeça num consentimento preguiçoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Não
há problema se as crianças estão jogando cada vez mais games violentos, em que
os gráficos recriam com perfeição o mundo real. Com cenas que mostram corpos sendo
dilacerados e sangue esguichando para todo lado. Não há mais porque criar
enredos que justifiquem a matança, ninguém se preocupa mais com isso. E quando
foi mesmo que isso fez alguma diferença? <br />
<br />
Também não é questão de criar caso se lutas tomam cada vez mais espaço na mídia,
incentivando as pessoas, já calejadas por rotinas sofridas, a se acostumar com
a violência como alternativa ao tédio. Um vislumbre dos gladiadores de outrora.
O entretenimento alimentado por fúria, sangue e pernas quebradas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">E
quanto à violência sendo utilizada como forma de manifestação? Os
quebra-quebras, os arrastões. O que dizer do extermínio de detentos realizado
por facções dentro dos presídios com o conhecimento de órgãos públicos e a própria
polícia? O extermínio das diferenças, dos homossexuais, como o jovem Kaique Augusto
Batista dos Santos, com apenas 17 anos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Então
me lembro da realidade assustadora apresentada nos livros da série <i>Jogos Vorazes</i>, de Suzanne Collins, e a
angústia que me causou sua primeira versão para o cinema. Um vislumbre (sim, exagerado)
do caminho que estamos seguindo absolvendo a violência travestida de diversão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">No
romance a personagem Katniss Everdeen, de 16 anos, nos descreve o horror em
primeira pessoa. O caminho percorrido por uma sociedade que deixou seus valores
éticos no jardim da infância. Ali, a América do Norte agora se chama Panem. É e
a própria visão do Apocalipse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">12
distritos sobrevivem miseravelmente como se fossem escombros de cidades
bombardeadas. Subjulgados pela metrópole descrita como Capital. Anualmente,
dois jovens, entre doze e dezoito anos, são sorteados para servir como tributos
para os Jogos Vorazes. Resposta da Capital à revolta de alguns distritos ocorrida
tempos atrás, os jogos são uma batalha em que só um adolescente sobrevive. Luta
sem precedentes. Carnificina televisionada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Nos
damos conta que uma minoria vive, à mercê de qualquer tipo de apreensão,
completamente entretida com os jogos que segue em casa, via satélite. Pessoas
que extravasam uma felicidade abestalhada, num vestuário exagerado, como se
estivessem num eterno Carnaval. Tomadas por uma ausência de sentido de vida
acachapante, aplacada unicamente pela sádica opressão ao outro. Hipnotizadas
pelo consumo e pela comida. Numa terra sem lei que garanta o direito à vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;">São
personagens de ficção. Mas espelham o pensar e agir de muitas pessoas por aí.
Muito mais do que gostaríamos. Falo por você também. Gente que um dia, com
certeza, também levou uma boa chinelada na bunda. Daquelas que só dói na hora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
Helgahttp://www.blogger.com/profile/16740910314610829254noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-10565871142121743472013-08-23T16:33:00.000-07:002013-08-23T17:37:53.494-07:00Felicidade superlativa<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_DkmwICWGEU3GdSGBcaDoB4QZx_lcis46SWcVJLLF5qwlA_Ku95c2LyLTotis3MydcXLgcEQAYIZ-yim0273grpZ90EBur5Q367Z5O-XDlLiYBJAyY_n6_g-WKUT5fcVbqlbBqUDs9d_W/s1600/DSCN0903.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_DkmwICWGEU3GdSGBcaDoB4QZx_lcis46SWcVJLLF5qwlA_Ku95c2LyLTotis3MydcXLgcEQAYIZ-yim0273grpZ90EBur5Q367Z5O-XDlLiYBJAyY_n6_g-WKUT5fcVbqlbBqUDs9d_W/s320/DSCN0903.JPG" width="216" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ser feliz dá um medo danado. Parece estranha e estúpida a
frase, mas é a mais pura verdade. Muita gente sente essa angústia e foge da
felicidade como o Diabo da Cruz. Sem compreender que está fugindo, até. Porque
para isso inventamos, inconscientemente, uma desculpa perfeita. Para o mundo e
para nós. Inventamos a felicidade superlativa.<br /><br /><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A felicidade com “f” maiúsculo. Aquele sentimento de alegria
e bem estar que existe condicionado a quereres impossíveis de existir num mesmo
espaço de tempo. Porque a lista de itens da Felicidade consegue ser maior que o
patrimônio da Madonna. E atualizado a partir do momento em que começamos a chegar
perto de qualquer tópico: se estamos negociando a compra da casa dos sonhos a
Felicidade já passa a ser mobiliá-la, de preferência seguindo as orientações de
um renomado arquiteto (depois de tudo feito, sabemos que a casa vai ser trocada, enfim). <br /><br /><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">O amor perfeito, sucesso profissional, dinheiro que sempre
sobra, filhos saudáveis e igualmente felizes. O chefe amigo, amizades interessantes, fama, família em
harmonia, corpão em dia, milhares de curtidas no Face. A pele vigorosa anos a fio, inteligência
reconhecida, carrão na garagem, vigor sexual... cada um tem a sua. E apenas falando de microcosmo porque
acrescida à lista ainda temos itens ainda mais complexos, como a paz entre os
povos, o fim da fome, corrupção e das mazelas emocionais do homem moderno,
só para começo de conversa. O fato é que tudo isso é uma maneira de se esquivar
de sentir a felicidade real, a diminuta e fracionada que experimentamos, todos,
todo dia.<br /><br /><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Porque a felicidade cotidiana fica sempre invisível frente a
Felicidade idealizada. Como enxergar um pôr-do-sol magnífico como Felicidade? Não
chega a tanto. E uma flor recebida de um pretendente (ainda se usa isso)?
Xiiiiii........ Se isso fosse Felicidade como enfrentaríamos o fato de a
sentirmos o tempo todo? Porque um dia esconde doses homeopáticas de felicidade.
Aquela real, lembra? A do “f” pequeno. Puxado, hein? <br /><br /><o:p></o:p></span></span></div>
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Será que estamos prontos para encarar essa
sensação de plenitude? Inteiramente nova (a agonia da ausência da Felicidade é velho
de guerra para nós). Ser feliz assim dá
um baita medo, e, olha, só estou pensando no assunto.</span></span><br />
<span style="font-size: 16pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>Helgahttp://www.blogger.com/profile/16740910314610829254noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-34446281108151060812012-12-06T09:45:00.000-08:002012-12-06T09:48:59.512-08:00Salve Aldemir Martins<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEige3M1ty6GalukDyEBSakl5yLczCIn0auz9QZN7K08P_beETGkp3aEcYzA06tOFe8CaTyxQRZAwi4J62HNq0zLARIIcKdb0P5ziQ95LbTTF-sswVK_dOXdo9QSMDH-QronKegitNirf675/s1600/reduzida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" nea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEige3M1ty6GalukDyEBSakl5yLczCIn0auz9QZN7K08P_beETGkp3aEcYzA06tOFe8CaTyxQRZAwi4J62HNq0zLARIIcKdb0P5ziQ95LbTTF-sswVK_dOXdo9QSMDH-QronKegitNirf675/s320/reduzida.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBuPp36tbdsUCtslWihR-F24nNqKunAGaoyevTMFz7lpqRmZunCk_ALRoaLoJ26V7PlfBwDw0vJgp0ksQCbgGUbwZElp9cUut60I1DNamgD5sUtAaBp42AXoG8KThv0I2flbVyjTlHpfqi/s1600/reduzida2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" nea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBuPp36tbdsUCtslWihR-F24nNqKunAGaoyevTMFz7lpqRmZunCk_ALRoaLoJ26V7PlfBwDw0vJgp0ksQCbgGUbwZElp9cUut60I1DNamgD5sUtAaBp42AXoG8KThv0I2flbVyjTlHpfqi/s320/reduzida2.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-36513944486360718512012-11-26T16:10:00.000-08:002012-12-06T09:50:06.717-08:00Exercício<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirmm6akA4TIiU4mvQugikfj2L4jHrDimz1D5Kr2nYJPP0P5kVwIy8EY4YGNu-6rhyiYdqSa8wRaDJZdobTdKNNRxQskEAb3JzcifqnYQwUV7QzXezHIzjvh_L8VXDSMGnQFNqZGr4F93cu/s1600/Foto+Helga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirmm6akA4TIiU4mvQugikfj2L4jHrDimz1D5Kr2nYJPP0P5kVwIy8EY4YGNu-6rhyiYdqSa8wRaDJZdobTdKNNRxQskEAb3JzcifqnYQwUV7QzXezHIzjvh_L8VXDSMGnQFNqZGr4F93cu/s320/Foto+Helga.jpg" width="242" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fito a tela do computador e a folha vazia. Os pensamentos rodam à vontade como de costume. Brincam no gramado. Registro cada palavra com rapidez. Antes que percebam. Como se precisasse garantir que não fossem embora com o vento, com medo de serem encaixotadas num blog qualquer. Sei do desconforto que sentem quando se imaginam tendo que ser lineares (tudo de mais bonito parece se esconder quando há intenção de contextualizar).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Só quero a amizade dos meus miolos. Fazer de conta que não percebo a brincadeira de gato e rato. Escrever com a cumplicidade de quem corre junto. Mudando de assunto de forma descompromissada como fazem as crianças. No clima de “se não querem ficar, tudo bem”. Como se entendesse os motivos que eles têm de não se entregar de pronto quando desejo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Brinco de resgatar a vontade. Aterrada que foi por obrigações bobocas. Exercito o verbo em movimento. Misturo tudo (como faço com minhas tintas) e não busco sentido algum. Não preciso mais fazer sentido. Fazer sentido cansa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tenho boas coisas a dizer. Bem sei. Principalmente para mim. Mas também tenho discursos prontos no baú das minhas certezas que intenciono queimar. Para escrever lorotas que me façam rir. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Escrevo porque amo palavras desde o útero. E porque saem prontas como se alguém me soprasse um canto. Frases inteiras que às vezes escrevo pela metade. Porque não consigo alcançá-las quando quero. E às vezes não quero aceitá-las como devo.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os assuntos que me parecem enfadonhos e superestimados se repetem no discurso. Me impedem de virar a página. Não me abandonam jamais. Tomam conta do espaço em usufruto. Me encaram no silêncio da linha. Sei que devo esgotá-los em mim. Dissecar todas as possibilidades. Enfrentar o medo de ser medíocre. Que me desculpe o leitor. Algo me diz que vai valer a pena.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-51686572081273040132012-09-21T13:26:00.000-07:002012-09-21T13:32:41.853-07:00Recortes de muitas vidas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ5sxH6d2VJe87fuM7eg7nZWJnQ4E2NXw1EISzWH6jtHT-ry9xRYN2pVOWLK3Klvs8JnMrdYwVi7dkq1hYXuvc90T9XE0jylE6HNJCvq6yuctN8meXCCiTlxHOpL5G0HUOUJxhBWsGmvzH/s1600/Duas+bermudas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" hea="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ5sxH6d2VJe87fuM7eg7nZWJnQ4E2NXw1EISzWH6jtHT-ry9xRYN2pVOWLK3Klvs8JnMrdYwVi7dkq1hYXuvc90T9XE0jylE6HNJCvq6yuctN8meXCCiTlxHOpL5G0HUOUJxhBWsGmvzH/s320/Duas+bermudas.jpg" width="269" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Descobri as escritas de Rodrigo Domit repousando em sua colcha de retalhos na estante da Sala de Imprensa da última Bienal Internacional do Livro. Tirei-as do cochilo e iniciamos um tricô como velhas conhecidas. Passeei por historietas que pareciam familiares. Ou talvez não, não sei ao certo. O fato é que poucas palavras conseguiram me fazer enxergar recortes de muitas vidas. Como se o autor pudesse perceber no percurso de cada andarilho do mundo o instante exato em que a simplicidade de algum acontecimento fosse perturbadora o bastante para tirar o sono de toda humanidade. Um pouco de Domit:<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Destino<o:p></o:p></span></em></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acordou no ônibus; Não sabia para onde estava indo, não fazia idéia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Olhou em volta, apenas indiferença. Começou a ficar incomodado com a situação. Queria perguntar para alguém sobre o destino, mas tinha vergonha. Tentou olhar pela janela, mas estava no corredor e a senhora ao seu lado dormia, com as cortinas fechadas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de certo transtorno, resignou-se coma a situação. Nunca achou que fosse chegar a lugar algum. Algum lugar –qualquer que fosse – já seria longe.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Caminhos</span></em></b><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ia sempre em direção contrária ao fluxo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sabia que nunca ia ter carona; Mas sabia, também, que sempre haveria alguém para andar ao lado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Incógnita<o:p></o:p></span></em></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Era viciada em reuniões de anônimos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na esperança de ser notada, ia a todas. Dos narcóticos aos <em>workaholics</em>, passando por alcoolistas, comedores compulsivos e mulheres que amam demais.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tudo o que ela queria era deixar de ser anônima.<br /><br /><em><strong>Capacidade</strong></em><br />Desde que o tempo é tempo, as pessoas desejam ter a capacidade de enxergar através das outras. Sensações, sentimentos e os mais profundos pensamentos. E a essa capacidade, deu-se o nome de compreensão. </span><o:p><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif';"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nos tempos atuais, caminhando pela rua, percebe-se que as pessoas têm a capacidade de enxergar através das outras; A essa capacidade, dá-se o nome de indiferença.<br /><br /><strong><em>Domador de demônios</em></strong></span></span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif';"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Deito em minha cama e milhares de pequenos demônios infestam-me as idéias, o travesseiro e o canto escuro do quarto. </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman','serif';"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ando cautelosamente até o som, ligo-o e volto para a cama; Com a música, ao menos eles dançam.</span></span><br />
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-73638568237456184612012-08-06T13:05:00.004-07:002012-08-06T13:06:44.288-07:00Baú<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1sPVEitGMNOeKRPJHuDLKGefIk6qwV8HsTQp4vYjF26IGRqeB7_pDita0KdSjMlOd5JbYURtoZlTcg08BWQyZrkIrPLCbRfZDVSFGj4wd38HO0Q-sghRvmM6qV0DYrsQlmefciq479YN7/s1600/DSC00243.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1sPVEitGMNOeKRPJHuDLKGefIk6qwV8HsTQp4vYjF26IGRqeB7_pDita0KdSjMlOd5JbYURtoZlTcg08BWQyZrkIrPLCbRfZDVSFGj4wd38HO0Q-sghRvmM6qV0DYrsQlmefciq479YN7/s320/DSC00243.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As palavras podem estar reunidas na cadência do discurso ou espalhadas no silêncio de uma tela.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-38751819145162805602012-07-04T16:54:00.000-07:002012-07-04T16:58:16.879-07:00Traços inesperados<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqfHdFK3CGbQFZeQdj7q3gp73_GVTWvz0clihqy7NVBKHAw1R2DcEs_5fq9EWTCdNuIxVI7iFApyNiP-afmg83T0e-Z6wPhpOyt3yx_5jO2b2mFEhyv1zBROmUvqHmzlA-DINJW3VIFRC4/s1600/Flores.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" sca="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqfHdFK3CGbQFZeQdj7q3gp73_GVTWvz0clihqy7NVBKHAw1R2DcEs_5fq9EWTCdNuIxVI7iFApyNiP-afmg83T0e-Z6wPhpOyt3yx_5jO2b2mFEhyv1zBROmUvqHmzlA-DINJW3VIFRC4/s320/Flores.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Palavras surgem nas tintas de uma paleta desconhecida. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vagarosas como são as grandes descobertas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Misturam-se e aguardam nome.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas não os tenho.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda.</span><br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-9896038140026501422012-06-27T15:45:00.001-07:002012-06-27T15:45:50.328-07:00Bandeira branca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/NQhTFrkkI64?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-69142277810019797402012-04-04T23:15:00.005-07:002012-04-04T23:23:04.735-07:00De verdade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy5Wk33c1Vs1fBeU-XC7ZBOLir07rjfaj1UwHyu9KtwRbVuF0zJ-22nkDD1l4RXytB4zffLkNLb2sszq62d7MpxxPpb0o7F3TsI4nYjTY0-BcktukbJr_m0nqW0pcTZvjJ5cd4ALm7fybH/s1600/De+verdade.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy5Wk33c1Vs1fBeU-XC7ZBOLir07rjfaj1UwHyu9KtwRbVuF0zJ-22nkDD1l4RXytB4zffLkNLb2sszq62d7MpxxPpb0o7F3TsI4nYjTY0-BcktukbJr_m0nqW0pcTZvjJ5cd4ALm7fybH/s320/De+verdade.JPG" width="240" /><span style="color: black;"> </span></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></span></span></span></div><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Descobri que brinquei demais de não ser eu. Que passei muitas estações em papéis criados pelo meu ego –iludido que só, que conseguiria me fazer unânime. Aprendi a me moldar como a água que adquire a forma do vasilhame ou uma gueixa resignada. Especialista em se transformar em segundos num personagem caricato, criado a partir de impressões colhidas dos meus interlocutores da vez. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Compreendi que acreditei genuinamente que era cada uma destas máscaras. Como um mitômano que passa a viver piamente suas inverdades. Cego às incoerências de quem atende gregos e baianos. 24 horas. Dançando na corda bamba como se o espetáculo tivesse graça.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Senti a dor dos insanos que se perdem no vazio de sentido. Porque a briga travada entre a alma e o ego não se revelou de pronto. E tem-se a impressão que o desassossego é uma morte em vida. Uma sina de quem nasceu sem sorte. Descobri que sangue escorre nas lágrimas. E angústia é uma solitária no estômago.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Instintivamente apaguei a luz e saí de cena. Não havia mais forças, nem raciocínio. Comecei a lamber as feridas. Como se não fosse importante entender mais nada. Como se não houvesse um futuro nem um histórico. Apenas a festa do silêncio.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">E quando, enfim, cessou o turbilhão de falas e gestos enlatados, percebi que não havia mais como brincar de ser invisível. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Precisava abrir o baú lacrado pela minha ignorância de mim. Descobrir os segredos sufocados e ser de verdade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"></div></span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"> </span></div></span><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: black;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"></span></div><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></span>Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-51094174449358587822011-10-23T12:33:00.000-07:002011-10-27T05:21:19.143-07:00De molho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzq8WJBiylXwSHyQ8E3IoyvhtDD0f-p2o9F0kWFYeFFmzw-KXJwriD5xwPqfZR9cU-hh6KDUyZ-JgB3eEKd0sllEaXhARrRn7arnkfve7AhNCtIUeW3eLOM7NzMrpFkcv6iQeFpA_mrt3Q/s1600/DSC02287.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" rda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzq8WJBiylXwSHyQ8E3IoyvhtDD0f-p2o9F0kWFYeFFmzw-KXJwriD5xwPqfZR9cU-hh6KDUyZ-JgB3eEKd0sllEaXhARrRn7arnkfve7AhNCtIUeW3eLOM7NzMrpFkcv6iQeFpA_mrt3Q/s320/DSC02287.JPG" width="240" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda menina aprendi com minha mãe que roupas encardidas devem ser deixadas de molho antes de darmos a elas a atenção do movimento dos dedos e do sabão. Ou da máquina de lavar. O descansar do tecido em um balde com água misturada ao detergente predileto é crucial para que o grosso da sujeira seja vencido pelo tempo. Nos casos extremos, quando a graxa é tamanha, deve-se usar água morna, que aos poucos vai ficando turva enquanto o pano se despede de algumas manchas e oleosidades. Mas o fato é que o molho é indispensável. Sempre um pré-requisito para a lavagem bem intencionada de peças imundas.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda menina aprendi com meu pai que tudo tem seu tempo. E respeitá-lo é a arma dos determinados. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há tempo de comer e tempo de brincar. Há tempo de estudar e de descansar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eclesiastes. Tudo que estica demais se torna pernicioso. E de menos também. Porque zelar pelo bom uso do tempo é manter o foco. Concentrar-se na existência de um objetivo por trás da ação. E não deixar que a intenção apodreça pela ausência de pulso. Que a vontade fique pelo caminho, ao sabor do vento. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ou que a preguiça dê asas ao prolongar e encurtar demasiado do tempo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda menina aprendi que certas coisas somente são entendidas quando colocadas à prova da experiência. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Das cabeçadas. Das conexões que fazemos com tudo que está gravado em nossa CPU quando precisamos tomar uma atitude. Ou fazer uma escolha. Ou desistir. Daí que busco no meu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Google</i> uma resposta para os dissabores contemporâneos e ele me atende com a imagem de um balde repleto de peças sujas num cantinho da área de serviço e o trecho do livro da Bíblia que se debruça sobre o uso do tempo. Bingo! </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A verdade é que meu manto anda encardido demais. Nada do esmero da lavagem feita com o molho. Apenas torneiradas de água para uma retirada rápida do que pode sair no susto, uma torcida e um banho de sol. E vamos lá vivendo que o tempo não para. Mas quando o pano torna-se tão escuro quanto a noite a vida vai ficando azul marinho também. E não dá mais para adiar o molho. Há que se pegar o balde, o detergente e a água morna. E encarar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pause</i>. Aguardar a ação do tempo. Daí o desafio.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O molho é apenas o primeiro obstáculo. Ninguém quer estar de molho. Parar para repensar o vivido. Porque requer coragem (ou loucura, quem sabe?) de puxar a toalha da mesa com tudo em cima diante do olhar abismado do outro. E admitir que algo está errado. Dar início a faxina e deixar escorrer a sujeira que há anos já era da família. Gritar aos quatro ventos que o acúmulo de imundície incomoda demais, aperta o peito.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sabendo que para isso há que abandonar a tribo, a companhia de outros sujinhos que nos davam a confortante sensação de unidade com o mundo. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O tempo é o derradeiro empecilho. Pode ser perigoso no caso do molho. Porque roupa que fica dias num balde com sabão cheira mal, e a sujeira parece concentrar-se ainda mais na trama. Tiro no pé. O molho só tem finalidade quando no tempo certo, medido na cor da água. Ou talvez com<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> timmer</i>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Assim, depois de realizado, o pano deve ser lavado, esfregado e jogado à máquina para que toda a sujeira dê lugar ao novo. A veste de tantos outros molhos que virão.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-61107473555252728402011-10-09T18:55:00.000-07:002011-10-09T19:04:07.652-07:00Outro dia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMniTewB6U_7XN7oupfXBE386ljrNdzkkMG7TJVCMh7LORiDKBN0x0DG5I_UUMdE3n9IGWcMPe6QDP_-31VLsq0sAViltbbSpNeg-EX7n7tiXQq3fwh_wYnf9AadduO-Y_4hSjBtEaUUpn/s1600/Outro+dia.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kca="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMniTewB6U_7XN7oupfXBE386ljrNdzkkMG7TJVCMh7LORiDKBN0x0DG5I_UUMdE3n9IGWcMPe6QDP_-31VLsq0sAViltbbSpNeg-EX7n7tiXQq3fwh_wYnf9AadduO-Y_4hSjBtEaUUpn/s320/Outro+dia.JPG" width="240" /></a></div><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ando cansada da apatia<br />
Da perfumaria<br />
Da monotonia<br />
Da carne vazia</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">*<br />
<br />
Ando cansada do passo não dado<br />
Do medo ao lado<br />
Do grito guardado<br />
Do espaço fechado</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">*<br />
<br />
Ando cansada de estar ilhada<br />
Da solidão dos estranhos<br />
De estar errada<br />
De seguir o rebanho</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">*<br />
<br />
Ando cansada da boca<br />
Que tudo revela<br />
Da orelha mouca <br />
De tagarela<br />
<br />
*<br />
<br />
Ando cansada da folia<br />
Sem poesia<br />
Da felicidade<br />
Sem a liberdade</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">*<br />
<br />
Ando cansada de apontar<br />
O que nunca tem fim<br />
De não saber perdoar<br />
Ando cansada de mim</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">*<br />
<br />
Ando cansada de acreditar<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que amanhã é outro dia...</span><br />
<br />
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-2368125292949397362011-07-28T07:12:00.000-07:002011-07-29T06:46:58.101-07:00Sem pressa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjZKvRx0Q7GdKT5BsaFZRPDRobZqXaKdHnMSzo3cABRVNmwqvYziXApCBiFuxQ4cGcikpdcH5BB2EUB6Tct0MCkYkXaKNGtnfHIlkcCbtmbZMkC3YEWmz_TqFtLhW7pTvqI0qoJ1W0wi_s/s1600/DSC04908.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjZKvRx0Q7GdKT5BsaFZRPDRobZqXaKdHnMSzo3cABRVNmwqvYziXApCBiFuxQ4cGcikpdcH5BB2EUB6Tct0MCkYkXaKNGtnfHIlkcCbtmbZMkC3YEWmz_TqFtLhW7pTvqI0qoJ1W0wi_s/s320/DSC04908.JPG" t$="true" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span></span></span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><a href="http://www.blogger.com/" name="OLE_LINK2"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="line-height: 115%;"><em>A vida é tecida pelo fio da delicadeza</em></span></span></span><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="line-height: 115%;">. Foi o que escreveu a jornalista Eliane Brum no meu exemplar de <em>A vida que ninguém vê</em>, de sua autoria. O livro, publicado em 2006, ganhou a dedicatória há algumas semanas, durante o lançamento de outra obra da repórter, o romance: <em>Uma duas</em>. </span></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Em férias na pacata cidade de Ibirá (SP) pude finalmente entender a frase por completo. Porque depois de tirar da manga meu velho livro e entregá-lo juntamente com o recém-lançado percebi que não conseguia identificar o que diziam as palavras que enfeitavam a primeira página. Muita grosseria voltar para tirar a dúvida. A fragilidade presente na fisionomia e fala de Eliane não fazia coro com sua letra vigorosa. Traços de quem sempre sujou os sapatos <personname productid="em apura�es Brasil" w:st="on">em apurações Brasil</personname> afora, correndo contra o tempo para eternizar detalhes –falados e silenciados, sem interrupção.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">O recado inicial de repente se desembaralhou enquanto eu relia sem pressa o livro que me fez cair no canto da sereia da autora gaúcha. Porque antes mesmo de me debruçar sobre a obra saída do forno da escritora –sua primeira incursão nos campos da ficção, me bateu uma saudade de como fiquei entorpecida quando fui apresentada às palavras cheias de lirismo de Eliane. Uma prosa tão bela que se aproxima da poesia. Mesmo construída em terreno árido e pedregoso: a vida sofrida de pessoas quase invisíveis.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Sem relógio, exigências cotidianas e entregue a fartos goles das águas medicinais da estância hidromineral descobri o que me cochichava a autora. <em>A vida é tecida pelo fio da delicadeza</em>. E não é que fazia todo o sentido? A delicadeza estava no avesso da pressa. Que nos mecaniza e faz acreditar que até a água não tem gosto.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">No livro –vencedor do Prêmio Jabuti de 2007, Eliane se esvazia de si mesma para dar espaço às histórias que vão surgindo segundo o tempo dos personagens. Porque como já disse certa feita, cada vez faz menos perguntas aos entrevistados. Respeita o ritmo singular das conversas como uma observadora livre de preconceitos e <em>deadline</em>. E o que acontece após esgotar-se de falas alheias é uma história à parte. </span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Porque é depois de tudo digerido, respeitando um tempo que não se mensura, e com palavras cuidadosamente escolhidas, que a autora nos mostra que os personagens que dá voz, tão esquecidos de si mesmos, dialogam com conflitos que carregamos no peito. Sua escrita descortina a história por trás da história. Tira da realidade de pessoas comuns os questionamentos e as angústias inerentes a todos nós. Mas invisíveis aos que não se deixam, lentamente, mergulhar no inesperado. </span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Daí que não somente os personagens são salvos pelo olhar respeitoso de Eliane. Nós também. Porque assim como Israel, considerado um rascunho malfeito de vida, atirado num canto da Vila de Kephas, <personname productid="em Novo Hamburgo" w:st="on">em Novo Hamburgo</personname>, nós também ansiávamos inconscientemente ser salvos por um olhar. Que nos alertasse para a cegueira coletiva e congênita da urgência. A professora, estendeu a mão e a sala de aula para Israel entender que o mundo podia ser maior do que a vila construída por operários. Eliane nos convida a tentar deixar para lá o cacoete de reduzir tudo a uma leitura só.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK1;"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Precipitados que somos em entender o que nem foi dito, julgar e dar significado ao que já o tem por si só, sucumbimos ao tempo. A pressa anula a capacidade de perceber a vida em seu ritmo natural. Repudia a paciência para aguardar o que ainda não tem nome e afaga a ansiedade que constrói roteiros para tudo e todos. E então as coisas realmente importantes vão ficando cada dia mais escondidas pela indelicadeza da pressa. Enquanto outras ganham espaço pela quantidade perceptível de adornos.</span></span></span><span style="line-height: 115%;"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Parece utopia imaginar essa resistência em viver sob o mando dos ponteiros do relógio em outro lugar que não uma pequena cidade de águas curativas. Ou num período diferente do de descanso, em que a urgência é até contraditória. Ou então em levar em frente essa busca em respeitar a ordem dos acontecimentos no jornalismo que pratico –assombrado pela dinâmica dos resultados rápidos. E quem sabe até para a vida? Com os desafios dos relacionamentos, da maternidade e da fé? </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">A resposta a essa reflexão assemelha-se aos traços impiedosos de Eliane Brum. Só vai desembaralhar aos olhos dos que esqueceram de ter pressa. </span></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-80136948933152422732011-05-20T09:03:00.000-07:002011-06-10T07:59:03.844-07:00Espelhos d'água<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEc_R96ed0df2oU_YwPivbzMu9xKDIbaUYRnnrp74ksSdmlf0Cm1HNFJ7RSix3L8T00OsaxdCw6aZm_qrdOREmZ3jJjfVOcnvAgdDatyq-thWM6QwoQeDvZf0QOZvEPZp5XADAhD2wzBKS/s1600/Espelhos.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" j8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEc_R96ed0df2oU_YwPivbzMu9xKDIbaUYRnnrp74ksSdmlf0Cm1HNFJ7RSix3L8T00OsaxdCw6aZm_qrdOREmZ3jJjfVOcnvAgdDatyq-thWM6QwoQeDvZf0QOZvEPZp5XADAhD2wzBKS/s320/Espelhos.JPG" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Matéria de capa da revista Veja São Paulo desta semana traz à baila -como faz de tempos em tempos, a vida e os caprichos de novos milionários que povoam a cidade. A emergente da vez é Val Marchiori, 36 anos, e pelo menos seis deles dedicados à busca da fama e aceitação entre as elites paulistanas. Apresentadora de um dos quadros do Programa Amaury Junior (que aborda os hábitos de consumo da classe AAA), a ricaça teve um dia de sua semana acompanhado por um repórter da publicação.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As "preciosidades" destacadas na matéria, como sua opinião acerca das mulheres bonitas "que como empresas boas nunca quebram, apenas mudam de proprietário", ou ainda, a capacidade de consumir em um só dia $75 mil reais com brinco, vestidos e refeições caras, são café pequeno quando se observa algo não dito, pinçado nas entrelinhas. A moça tem dois filhos gêmeos que só aparecem em sua agenda quando dividem com ela a mesa do café da manhã. Depois que "são despachados" para a escola, como relata a matéria, somem sem deixar rastro em seu dia-a-dia de excentricidades. Seu maquiador, por exemplo -egresso do salão MG Hair de Marco Antônio de Biaggi, à disposição 24 horas por dia, tem mais horas de convívio com a madame do que seus próprios rebentos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Lembro dos espelhos d'água -a melhor analogia que conheço das crianças. Aquele recurso arquitetônico que se utiliza de uma piscina rasa e cheia de água para refletir a luminosidade gerada pela "obra pincipal" que o circunda, num efeito decorativo de grande beleza. Os filhos são nada mais do que reflexos das belezas e fraquezas dos pais -"a obra principal". Espelham aquilo que aprendem nas entrelinhas e não no discurso politicamente correto que escutam como um mantra empoeirado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Daí a urgência em tomar tento para essa realidade triste, mas não rara em nossos tempos. O descaso em relação às crianças -tratadas como acessórios contemporâneos. Comprados como casa, carro, vestidos. Com cuidados terceirizados e desejos silenciados. Adestrados para não atrapalhar a agenda já tumultuada dos genitores. Agora o tempo "de qualidade é o que conta". Qualidade esta que pode estar nos vinte minutos de um simples café da manhã. Em que até a boca está ocupada com alimento. Silêncio de qualidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Convívio amoroso, amparo e aceitação dos pais são os pedidos mais realizados ao Papai Noel. Ele mesmo me contou -será que por isso não teve filhos? Mesmo que, às vezes, sejam pinçados nas entrelinhas da cartinha. Mas poucos pais entendem o chamado de socorro. Enquanto as crianças vão refletindo a solidão dos adultos que as cercam. Até o dia em que eles, os "mais vividos" dão-se conta que os filhos transformaram-se em pequenos monstros e perguntam-se: onde foi que eu errei? Esquecendo-se de olhar no espelho.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Como acontece com os jovens Ema e Todd, personagens da montagem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pterodátilos</i>, de Nicky Silver, em cartaz no Teatro Faap (SP), seu caráter deformado não é obra do acaso. Mas subproduto do abandono e individualismo dos pais. Sobre um palco móvel que se desfigura assim como a família do banqueiro ausente Artur e da alcoólatra e superficial Grace, os filhos são cópias com lente de aumento da ausência de sentimentos "da obra original". Quatro pessoas que vivem em mundos particulares, refletindo nada mais do que puderam receber. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A montagem, comemorativa dos 45 anos de carreira do ator Marco Nanini (à vontade na interpretação cuidadosa de Artur e Ema) é o protótipo do espelho d'água que os novos tempos sinalizam. Por isso, um soco no estômago -necessário. Porque nos apresenta o grande desafio. Podemos fazer das crianças espelhos d'água cheios de lodo e mau cheiro ou grandiosos como aquele que conduz ao Taj Mahal. Uma peça que deveria ser obrigatória na agenda de Val Marchiori.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-87225898489806852632011-05-04T06:03:00.000-07:002011-06-10T07:31:11.346-07:00Briga de comadres<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial;"></span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1-oZazUlrkcIyCV2_cwmvmBUVJcNaFbs0s1aWFzb5DMw_Sp0A_iuh6mK1uprKkhEs6NL5uF2yBKatUebOf-EUkhry-NL_yPGmsQSjevEWOhr6D6WyQe0tcNsMDj-TipM_gVVKKtihVHBm/s1600/Briga_de_comadres_web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" j8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1-oZazUlrkcIyCV2_cwmvmBUVJcNaFbs0s1aWFzb5DMw_Sp0A_iuh6mK1uprKkhEs6NL5uF2yBKatUebOf-EUkhry-NL_yPGmsQSjevEWOhr6D6WyQe0tcNsMDj-TipM_gVVKKtihVHBm/s320/Briga_de_comadres_web.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Duas mulheres habitam <personname productid="em mim. Almas" w:st="on">em mim. Almas</personname> completamente antagônicas. Enquanto uma é serena e sensata, de olhar generoso e busca espiritual, a outra é inconstante e insatisfeita, de olhar que é fogo em brasa e busca profana. Faces da mesma moeda, que brigam o tempo todo por espaço. Custei a identificá-las, mas quando aconteceu, confesso que tomei partido da primeira. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assistindo a um dos capítulos da novela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cordel Encantado</i> tive um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">insight</i>. Entre os personagens, há um duque que foi trancafiado na torre de um castelo distante, preso a uma máscara de ferro. Tudo isso porque descobriu as trapaças e traições de sua esposa Úrsula e a bruxa descolada resolveu dar um jeito no assunto e abafar o caso. Cadeia e focinheira nele! Só que passados uns bons bocados de anos algo misterioso acontece: o prisioneiro consegue escapar e a segurança da duquesa está com os dias contados. Contos de fadas à parte, o fato é que o que é sufocado nunca morre, mas retorna raivoso e com planos de vingança.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dois dedos de pó se acumularam no blog desde minha última passagem. A verdade é que me encontrei num labirinto de emoções em que as palavras me pareceram insuficientes. Preferi me recolher em tarefas cotidianas e deixar que as duas comadres em guerra declarada se desgastassem e por fim me deixassem <personname productid="em paz. N ̄o" w:st="on">em paz. Não</personname> houve bandeira branca e tampouco me deixaram <personname productid="em paz. Uma" w:st="on">em paz. Uma</personname> delas, ainda, ameaça minha sanidade. Como a duquesa de Débora Bloch, estou com os dias contados. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma amiga já havia dito que não podemos jogar fora o que foi colocado em nossa bandeja. A tarefa é aceitar as demandas e aumentá-la – quando estiver difícil equilibrar os quitutes. A mulher inconstante que habita em mim cobra agora o futuro roubado. E a tarefa da bandeja parece impossível. Quer o seu espaço neste latifúndio. E a voz, há tanto tempo emudecida. Quer dizer a que veio com tanta violência que tenho medo de mim mesma. Mas sei que tenho que intervir e dar a ambas as minhas faces o mesmo amparo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Amparo que estendo às palavras escritas neste blog. Com espaço garantido para essas mulheres que colocam diariamente guloseimas em minha bandeja. Para que o embate que ocorre entre as vizinhas se transforme apenas num estranhamento natural. E por fim, e quem sabe, em terna amizade. E eu siga em frente, sem o desconforto de tentar escondê-las numa torre de um castelo distante. E seja, então, uma princesa, mas em posse de sua vassoura e caldeirão.</span></div> </div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-8597449135986468072010-12-13T18:39:00.000-08:002011-06-10T07:35:38.446-07:00Tolerância zero<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioP9m04CtBoBynBZYux0ZUf4eHMmYr0fNQAxzHyRTHuP34wuVyCnNjNWcoY6T_fesZQNQpWrYuj3976qxhyphenhyphenEMabyt_LuKdbfdf-QFQzNg59jBzyn_6RgX5LT_LwP7mSX-Yv70MXiscfthX/s1600/Toler%25C3%25A2ncia+zero.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioP9m04CtBoBynBZYux0ZUf4eHMmYr0fNQAxzHyRTHuP34wuVyCnNjNWcoY6T_fesZQNQpWrYuj3976qxhyphenhyphenEMabyt_LuKdbfdf-QFQzNg59jBzyn_6RgX5LT_LwP7mSX-Yv70MXiscfthX/s320/Toler%25C3%25A2ncia+zero.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Tahoma", "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></b><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais uma notícia sobre intolerância chega aos jornais, após outras tantas a respeito de violência contra jovens homossexuais na Avenida Paulista, em São Paulo. Desta vez, um professor no Piauí resolve aplicar uma prova para seus alunos universitários com texto explicitamente homofóbico. Chega até a equiparar gays com animais! Como uma epidemia, outros casos vão pipocando e sendo noticiados com veemência pela imprensa. Horror instalado, todos estão à caça dos responsáveis, cobrando providências e justiça. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Boto reparo na onda do olho-por-olho dente-por-dente e chego à conclusão que a intolerância não é artigo de luxo, presente, apenas, na mesa de poucos. Ela é como um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tamagotchi </i>que carregamos no bolso. Lembra daquele bichinho virtual de estimação que virou febre há quase uma década? Muitos pais conseguiram sossegar o pito dos filhos apenas os presenteando com o brinquedinho que pedia tempo para cuidados com alimentação, banho, sono e entretenimento. Pois sim, esse chaveirinho precisava ser alimentado com regularidade caso contrário morria de fome virtual! E como consequência a choradeira (bem real) dos pequenos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tamagotchi</i> contemporâneo é a intolerância travestida de "opinião". Carregamos o intolerotchi para cá e para lá e o mantemos bem gordinho a base de muita <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fast food</i>. De início o serelepe é mesmo fofo e cheio de manhas. Então, vamos dando comida aos pouquinhos: "O que é que tem a gente ser crítico e não tolerar isto ou aquilo?", pensamos cheios de razão. Só que a intolerância é bicho vaidoso e pede tempo e atenção. De repente o que era uma visão "realista" do mundo e das pessoas começa a enraizar e nos vemos mais afoitos que o normal num debate despretensioso. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A raiva aflora quando não encontramos nas pessoas, coisas e fatos a ética que construímos em anos e anos de sabedoria individual. Sim, há vários níveis de intolerância. Mas a velada não é menos danosa que a explícita, como a destinada, (com tamanha violência) aos que escolheram pares de mesma fôrma. Porque a intolerância contida continua lá, no lado esquerdo do peito, digo, do bolso. Permanece como um rascunho, uma intenção, uma semente, que um dia dá o ar da graça e vira planta (carnívora). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Até que se consumasse o ódio aos gays foram anos de repúdio e aversão, alimentados no plano mental. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tamagotchi</i> qué papá. Acostumados a observar apenas a “casca” de nossos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">roommates </i>deste plano listamos dia-a-dia suas limitações engrossando o coro dos que almejam vingar de armas em punho os brios machucados da moral e dos bons costumes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por que não podemos fazer diferente e buscar, ao invés do dedo em riste, enxergar o que a matéria esconde por detrás? A vida que tenta se aprimorar apesar das escolhas às vezes torpes. Identificar no outro a dificuldade inerente aos homens de carne e osso de ajustar a força do pulso que dirige o timão. Não defendo os covardes; a justiça deve seguir seu rumo, mas cabe a nós, não esquecer que por toda parte – até mesmo em nosso quintal, tem bichinho comendo demais. Por essas e outras que eu sempre gostei de cachorros.</span></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-61667773893949074622010-11-26T09:41:00.000-08:002011-06-10T07:36:53.580-07:00Erva daninha<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 14pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></b><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHoa6xO00v2E39lsNDHcoqw6bO4snSv8hYjWRSgqj6fPD6PZeJCR1Y5Ey8VGm1JVFtQRT_yrKekNX8c1sqrCheUkdLbauhvSs6oDlKcOJ1jfNdXz0RRybj_R5X8FOAn41LBTbrsQZye_KB/s1600/Blog.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHoa6xO00v2E39lsNDHcoqw6bO4snSv8hYjWRSgqj6fPD6PZeJCR1Y5Ey8VGm1JVFtQRT_yrKekNX8c1sqrCheUkdLbauhvSs6oDlKcOJ1jfNdXz0RRybj_R5X8FOAn41LBTbrsQZye_KB/s320/Blog.JPG" width="240" /></a></div><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tenho duas jardineiras na varanda carregadas de plantas e cercadas de flores resistentes ao sol. Uma samambaia que completa uma década, flores de primavera, bromélias, flor de Natal (bico-de-papagaio) e coloridas flores da fortuna (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">kalanchoe</i>). O ambiente é o meu preferido da casa, um pequeno jardim que cultivo desde quando casei e mudei. Eis que noto no vaso da flor de Natal uma plantinha toda prosa, altinha até. De início não dei muita importância e o crescimento da danada deu-se de vento em popa. Até que um dia desconfiei que a invasora pudesse ser uma variação corriqueira de erva daninha. </span><span style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A terra mais seca, a flor mais desenxabida, enfim, alguns sinais de perigo. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma planta é considerada daninha quando nasce de forma espontânea e interfere negativamente nas culturas que dividem com ela o solo. Compete por luz , água e nutrientes e multiplica-se de forma vertiginosa. Arranquei-a da terra num ato instintivo, de defesa. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ótimo seria se as ervas daninhas que habitam outras frentes fossem arrancadas com tamanho imediatismo. Aquelas que nos tomam o pensamento de forma sorrateira. Que entram pela porta dos fundos e de repente estão sentadas no sofá pedindo copo de água e cafezinho. Ah! Se as ervas daninhas que brotam na mente fossem extraídas com garra de guerreira! O mundo seria governado por Pollyannas e Amelies Poulain! </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Porque cada praga não destruída é uma oração que emitimos diariamente. Comunicação involuntária. O pensado, dito e realizado nas 24 horas que pintamos e bordamos por aí. São as crenças e os pensamentos que reconhecemos como realidade mesmo quando não condizem com o que pedimos na conversa miúda que temos com o Universo antes de dormir. </span><span style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O que adianta barganhar um emprego decente e financeiramente viável se o que grita ao mundo assim que abre os olhos é descontentamento e ingratidão? </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A raiva da injustiça e solidão tomam tanto espaço que resta ao amor esconder-se no quitinete da alma. A preguiça não nos deixa reagir a um pensamento de ira, mas nos deixa fazer cara de vítima e reclamar do tempo, do namorado, do filho adolescente, da sogra, da doença, do vento, da perseguição do mundo... </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Um pensamento pode ser cortado a foice! Transformado, ignorado. Uma atitude pode ser questionada e submetida à sabatina da individualidade: acompanha meus ideais de felicidade? As palavras que saem da boca são mais perigosas do que a comida que entra. Mãos à obra! Como diziam os antigos: Orai e vigiai. Amém.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-41647815837474095882010-11-02T20:16:00.000-07:002011-06-10T07:39:03.813-07:00Passado, presente, futuro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuTOgbLiNk56q759bX99ZnTpL8XTkk_HrNTzswjiHpCCIzrFj0GXy6q2Nw81ncY-f0Q22u2oDNvo4o3yjB0TMSOD-MTMPJrpakJZXM_Myivip4vNCWHrNvOo9u5ZCjHrgovJQkmR0ZB4cs/s1600/esentepassado+futuro.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuTOgbLiNk56q759bX99ZnTpL8XTkk_HrNTzswjiHpCCIzrFj0GXy6q2Nw81ncY-f0Q22u2oDNvo4o3yjB0TMSOD-MTMPJrpakJZXM_Myivip4vNCWHrNvOo9u5ZCjHrgovJQkmR0ZB4cs/s320/esentepassado+futuro.JPG" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ela dança a música “Ilariê”, da Xuxa, em festa de Ano Novo. Diz “quis lindo” no lugar de que lindo e “quentá” para esquentar. Adora jogar buraco e ai de quem rouba nas cartas: é briga na certa! Também gosta de jogar conversa fora. É mandona e divertida como as matronas devem ser. Tem o cabelo prateado curtinho e gosta que eu escove o topete para trás. Faço, também, suas unhas e pinto seus olhos com sombra azul. Seu bife é o mais gostoso do mundo, nunca comi outro igual. Leva os netos para passeios na praia – “a farofa organizada”, e para viagens longas também. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ele gosta de fazer fogueira em frente a sua casa com folhas secas e coisas que não usa mais. Adora ler jornal e escrever comentários quando acha justo. Também gosta de jogar buraco e se diverte quando os netos roubam, mesmo quando mostra indignação. Ri das minhas histórias – reais e descaradamente inventadas, e me deixa entrar no meio da cama, quando durmo com eles no verão. Nunca o vi bravo, nem comendo macarrão. É um militar, mas para os netos, nada durão. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando os via sempre pedia a benção, que vinha antes mesmo dos beijos. São a raiz da árvore que hoje sou fruto. Adubaram o terreno, prepararam o solo com suas vibrações de esperança. Plantaram a vivência de duas famílias, nos erros e acertos. E botaram fé no sucesso da colheita. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já dancei a música “Ilariê” em festa infantil. Chamo meus filhos de apelidos que não tem pé nem cabeça. A última vez que joguei buraco não roubei. Falo pelos cotovelos. Hoje sou mais divertida do que mandona, quase nada matrona. Pinto os cabelos de dourado e os deixo secar sem pentear. Dizem que minha canjica é supimpa. Gosto de “farofa organizada”. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Meu irmão monitora a fogueira em nossa festa de São João. Gosta de soltar fogos também. Trocou o jornal pelo conhecimento via Internet e o buraco pelos jogos do game Wii. Desconfio que rouba no jogo. Dorme com o filho no meio da cama e não recusa um bom espaguete. Espírito de criança, mesmo sob terno e gravata. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Somos como ramos que espelham a força do caule. Passadas várias estações, ainda somos filhos do mesmo chão. Estado da terra, idéia do grão. No dia em que se lembram os que partiram volto à atenção aos meus avós, com sincera gratidão. De tudo que temos deles e de tudo o que a partir deles pudemos transformar. Agradecer garante a continuidade. A mágoa e indiferença não. </span><span style="color: black; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mesmo que não haja um passado bom de lembrar, ainda assim há que se reconhecer que a terra se renova com o perdão. Só com ele nossos descendentes podem vingar livres de agrotóxicos. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eles cantam músicas do Raul Seixas e o primo aprende a falar. Gostam de jogar pelada e Can Can, enquanto o pequeno diverte a família com caras e bocas. Fazem perguntas capciosas e bagunças de dar dó (dos pais). Comem pouco, comem muito, se melam, correm, batem a cabeça no chão. Pedem colo, dormem com a mão no seio, acordam de supetão. E ainda há, outra que promete, que por ora chuta o barrigão. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span><br />
<span style="color: black; font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Salve a terra que nunca morre. Bença vô, bença vó.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-11115630162608647122010-11-01T13:45:00.000-07:002011-06-10T08:00:39.680-07:00Catar feijão<span style="font-family: Arial;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLJdrcvRc4AhH2wCGzPiUALtA5mbOFaHvZNEnUslptHPNr8buvmEbbNn8v4QR-4Mhxc1v72AmuhTq8SmSXpV7nR06aFddZUVZjqVAvzgUY9OXJt8lZoUeHm1R7iuDFv_sRh7tVUT8Hif7v/s1600/Catar+feij%C3%A3o.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLJdrcvRc4AhH2wCGzPiUALtA5mbOFaHvZNEnUslptHPNr8buvmEbbNn8v4QR-4Mhxc1v72AmuhTq8SmSXpV7nR06aFddZUVZjqVAvzgUY9OXJt8lZoUeHm1R7iuDFv_sRh7tVUT8Hif7v/s320/Catar+feij%C3%A3o.JPG" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Meu filho mais velho pediu ajuda numa pesquisa da escola. O foco era o escritor recifense João Cabral de Melo Neto (1920-1999), a obra, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Educação pela pedra</span></i>, publicada em 1965. Atenção voltada a um poema em especial: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Catar feijão</span></i>. Olhos grudados na tela do computador, imaginação solta ao vento. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Catar feijão se limita com escrever. Joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel, e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele e jogar fora o leve e oco, palha e eco</i>. <i>Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados, entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco.</i> </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dividimos nosso entendimento do sentido que as palavras criavam. E naturalmente havia muitos. Sim, o autor desenhava um paralelo entre o ato de escrever e a escolha do feijão a ser preparado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em ambos os casos, a ausência de qualidade era a vilã que comprometia tanto o prato quanto a obra. Feijão seco, velho e oco; texto chato, pesaroso e vago. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas ampliamos a interpretação com a brincadeira proposta: a de catar feijão. Assim como fazemos com o grão, dia-a-dia “catamos” elementos no alguidar da vida. Feijões novos nunca nos são negados, se renovam como rabo de lagartixa. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Exibida pela Rede Globo no programa <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Fantástico</span></i> de ontem, a entrevista da atriz Drica de Moraes à repórter Renata Ceribelli sintetiza toda a beleza e profundidade contida no poema de João Cabral. "A vida melhora muito se você não morre. Você abre seu olho para o que importa, você tira metade da sua vida que não prestava”. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela sabe bem o que está dizendo. Esteve muito próxima do fim. Após diagnóstico de leucemia, temporada de quimioterapia e internação por 120 dias, em decorrência de um transplante de medula, Drica repensou suas escolhas. Catou os feijões sem o uso habitual dos sentidos, que fracos, não podiam cumprir seu papel. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porque a mão que escolhe a semente se baseia no que vê e muitas vezes se engana com o feijão que permanece ao fundo e não bóia. Mais tarde percebe que é o mesmo que pode quebrar o dente. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E como se estivesse de olhos fechados, Drica escolheu as sementes sem interferência do ego. Metade delas foi embora. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Podemos catar pessoas, aproximá-las ou aparta-las do nosso afeto. Ou então, catar experiências, reunindo as boas oportunidades e afastando o que consideramos supérfluo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Todo novo dia é uma folha em branco cheia de grãos a serem guardados ou soprados. Com a força distinta do adulto e da criança. Está aí a grandiosidade, além da escolha. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-1002719523181938942010-10-26T21:44:00.000-07:002011-06-10T07:37:43.260-07:00Espelho, espelho meu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN0ltTHJRtWhRHXl8GRbWxNiwjpAeSP_Oo5fRCEqIsxhRe9AP1U0-C-PLYwZ3rZUMboYTmGWuDuePCGOR3sdnma0HCkZg00dtxzkmEr20WvdBB0NlteTgl2sG1z9niquYg9677fe8Zxeg3/s1600/Espelho.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN0ltTHJRtWhRHXl8GRbWxNiwjpAeSP_Oo5fRCEqIsxhRe9AP1U0-C-PLYwZ3rZUMboYTmGWuDuePCGOR3sdnma0HCkZg00dtxzkmEr20WvdBB0NlteTgl2sG1z9niquYg9677fe8Zxeg3/s320/Espelho.JPG" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um, dois, três... conto em pensamento. Cogito encher a boca de água – como fez o espírito do médico André Luiz em cena do filme <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nosso Lar</i>, de Wagner de Assis. Nessa passagem do longa-metragem, baseado em livro homônimo psicografado pelo médium Chico Xavier, o espírito do doutor é convidado a tomar um copo do “santo remédio” e manter-se com a boca fechada o quanto pudesse. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tiro e queda. A água ocupava o espaço e impedia a saída das reclamações lamuriosas. Ele até desconfiou da funcionalidade terapêutica, mas ao ouvir as queixas do companheiro ao lado logo foi oferecendo mais um copinho. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não. Nada de água. As palavras precisavam sair. “Guardo tudo e sempre”, pensei. Então, enfileiraram-se vocábulos ásperos –que vá lá, tinham mesmo razão de ser dadas as feridas abertas. As falas desajeitadas, mais oitenta do que oito, se multiplicavam. O rosto leve fez-se sombrio e a raiva desfilou sozinha. No olhar do outro um misto de espanto e dor. E assim, entre o silêncio das dores veladas e a agressividade impulsiva das palavras construí meu castelo. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dia, num rompante de coerência, questionei se era essa dubiedade que me fazia presa fácil dos mesmos dissabores. Não, não era. Um amigo trouxe-me a reflexão num texto despretensioso que ofereceu via e-mail. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não é a maneira de se defender dos outros que faz diferença, mas a capacidade de enxergar neles nossas próprias fraquezas. E trabalhá-las de dentro para fora. O “inimigo”, como espelho, desnuda nossas mais íntimas ilusões. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como poderíamos nos inquietar com o egoísmo se não o tivéssemos arraigado como segunda pele? O mesmo para a soberba, inveja e impaciência... De outro modo, seria como a generosidade da mãe que repreende, mas absolve. O que criticamos severamente no outro é o que mais nos sobra. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mudam-se as pessoas e situações e como o ponto não foi atingido o atrito parece externo. O “lado B” de cada um de nós precisa ser entendido para enfim descansar em paz. Então a vizinha louca espalha inverdades que te comprometem por todo condomínio e ainda tem quem diga que a fofoca está em você? Muita calma. Conte até três e cogite encher a boca d’água.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-73081636613287379732010-10-17T18:27:00.000-07:002011-06-10T07:23:51.423-07:00O lembrete de Maude<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></span></b><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcDm9Hdd4nr6w4iDRGpKsJUf_o7lZv_ZlbaKEcIwu0tOuTlBv_EeR_T9tNz-4LdBPau0w8KPQjmghoIynSRQ7LfcoEIR5SFTDJYsTfOEMxjbcTSIeLLOrUhmvRhePgMsk8r2qUmOfOfEWk/s1600/Blog.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcDm9Hdd4nr6w4iDRGpKsJUf_o7lZv_ZlbaKEcIwu0tOuTlBv_EeR_T9tNz-4LdBPau0w8KPQjmghoIynSRQ7LfcoEIR5SFTDJYsTfOEMxjbcTSIeLLOrUhmvRhePgMsk8r2qUmOfOfEWk/s400/Blog.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Sempre que lavo as mãos ou a louça tiro os anéis que estou usando. Deixo os adereços em algum lugar próximo, para depois devolvê-los. No dedo ensaboado, fica apenas a aliança. O costume vem da adolescência. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Naquela época (quase ontem...) gostava mesmo é de usar cabelão solto, saia hippie e chinesinhas no pé. Decididamente não havia espaço para acessórios de fina monta. Tinham para mim um ranço de superficialidade gratuita. O pouco que tinha de ouro, prata, brilhante e afins -ganho de presente; morava num porta-joia esquecido no armário. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Os meus acessórios prediletos eram feitos de palha, búzios, sementes, contas e de uma infinidade de arames e fios baratos. Todos criados por artistas de feirinhas alternativas. Então, tudo que usava nos dedos devia ser tirado toda vez que minha mão fosse encontrar água. Caso contrário, a vida útil dos mimos teria prazo incerto. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Assim foi, também, com as bijouterias, que pouco depois me encheram os olhos. Daí consolidou-se o ritual do tira e põe, mesmo que existisse entre os adereços algum de origem nobre. Muitos ficaram pelo caminho, em banheiros e cozinhas por aí. Outros voltaram pelas mãos de amigos ou parentes. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Formado por inúmeras florzinhas em prata –delicado, porém, vistoso, romântico, mas, ousado; um anel que eu gostava muito, esquecido, também, não voltou. Desconfiei de cara que o sumiço tinha o dedo de Maude. Afinal para uma velhinha engenhosa que rouba fusquinhas de padres indefesos o que é levar um anel carregado de margaridas? </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Sim, só podia ser a octogenária. Quase posso escutá-la dizendo: “nada pertence a ninguém. E eu só estou te fazendo lembrar...” Eu sei condessa. É só um anel, mas o puxão de orelha vale para todo o resto. Não temos nada de fato. Nada nos pertence de palpável. São pessoas, coisas e acontecimentos que teimamos em colocar coleira. Na ilusão do controle. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Criamos manuais de como as coisas devem funcionar e listas do que ainda pretendemos acumular até os olhos fecharem pela última vez. Reunimos os nossos “pertences” no mesmo balaio e quando algo nos é retirado viramos bicho em guerra por alimento. Reivindicamos com facas em punho coisas que não fazem a menor diferença. Não deixam de ser apenas coisas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Porque não somos carne e osso, mas a vida por detrás. A experiência e os sentimentos que estão nos bastidores. Quando damos a existência o valor compatível às nossas ilusões de falta ou sobra ela torna-se estéril e vazia. “Há que se perder o anel sem perder a ternura” sussurra Maude, a inesquecível personagem de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ensina-me a viver</i>, de Colin Higgins, que interpretada por Glória Menezes na excelente montagem de João Falcão encanta-se por um jovem obcecado pela morte (papel de Arlindo Lopes). </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Na temporada que a peça cumpre nas cidades de Vinhedo – SP, Recife-PE e São Luiz-MA, já antevejo no dedo da idosa apaixonada pela vida em seus detalhes o meu anel. E o seu também.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: blue;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><u><span style="color: #548dd4; mso-themecolor: text2; mso-themetint: 153;"><a href="http://www.primeirapaginaproducoes.com.br/espetaculos/ensina_me/ensiname.html">http://www.primeirapaginaproducoes.com.br/espetaculos/ensina_me/ensiname.html</a></span></u></span><u><span style="color: #548dd4; mso-themecolor: text2; mso-themetint: 153;"></span></u></span></span></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-72728394459362804482010-10-07T09:53:00.001-07:002011-06-10T07:41:07.618-07:00Essa tal felicidade...<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgDPVcOSCmoNGHAkK-VI9j2mz6s_3tEp321gXaQOPhEoa4vJXydBIim4zErmv3ZMdb3CiqXB7_K_LH-CDoDmhn7yHU5uMkro882fU_s8PdXROAyhRn2qBmSrzTCnJyzjCd2B7g7C19qgfF/s1600/felicidade.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgDPVcOSCmoNGHAkK-VI9j2mz6s_3tEp321gXaQOPhEoa4vJXydBIim4zErmv3ZMdb3CiqXB7_K_LH-CDoDmhn7yHU5uMkro882fU_s8PdXROAyhRn2qBmSrzTCnJyzjCd2B7g7C19qgfF/s320/felicidade.JPG" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há dias em que parece que algo falta e não sabemos ao certo o quê. Parece que a felicidade está distante e não temos ânimo para persegui-la. Há dias em que não há o que reclamar, mas também não encontramos um motivo para escovar os dentes. Mas são dias que correm como os outros que consideramos felizes. Vão embora da mesma maneira. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma passagem do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Comer, rezar, amar</i>, da americana Elizabeth Gilbert, me fez pensar sobre o assunto com mais atenção. Na obra autobiográfica, Gilbert relata sua viagem à Itália, Índia e Indonésia em busca de sentido para sua vida, esfacelada após um divórcio conturbado, uma dor de cotovelo aguda e a conseqüente depressão. Em certo momento, em que está meditando em um templo indiano a moça sente a ardência da picada de um mosquito. O incômodo continua até que muitas picadas somam-se à primeira. Então, já dispersa dos mantras e da contemplação resolve, para sua própria surpresa, não oferecer resistência a dor. Apenas observá-la como se estivesse desligada do corpo. Não espanta os mosquitos, não coça, nem se move... apesar da raiva insana que nutre pelos insetos. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Gilbert percebe que assim como acontece com os momentos de felicidade, os de dor extrema também vão embora. O sofrimento está na resistência. Pergunto: para quê? Se no outro dia o vento sopra diferente e ao ouvir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Janie dont’ you take your love to town</i>, do Jon Bon Jovi, o mundo parece mais colorido e feliz como se estivéssemos o observando pela primeira vez? Tudo isso para dizer que a verdadeira felicidade não é efêmera como nosso humor ou nossos dissabores. E, sabemos, as coisas verdadeiras são as que permanecem. Mesmo quando o pé descoberto não nos permite enxergar. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando as coisas parecem seguir “mais ou menos” basta exercitar a certeza de que a felicidade ainda está ali, mesmo que a primeira gargalhada tenha que jejuar 24 horas até passar o azedume da alma. Ou uma nuvem de mosquitos. Certo, não é para tanto. Me desculpe Gilbert, mas isso é para escritoras ricas em ano sabático....</span></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-72353163894703252172010-09-28T20:14:00.001-07:002011-06-10T07:43:20.774-07:00A história do elefante<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 14pt; line-height: 115%;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 5.5pt; line-height: 115%;"></span></b></span></b><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNNMZQoTkIvY4Ecm2dCel31dSrnZOb300k57XTs_T0rbY3SnkQuLL3mt5NfEgfVNfpheXFDnu95rGvZHG3Vw6opA9L8QPqgNX-2iXMAMbcNbVOTfc-R-y7AkbSgEJUjzZeuf1D6IbC8y6W/s1600/elefante.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNNMZQoTkIvY4Ecm2dCel31dSrnZOb300k57XTs_T0rbY3SnkQuLL3mt5NfEgfVNfpheXFDnu95rGvZHG3Vw6opA9L8QPqgNX-2iXMAMbcNbVOTfc-R-y7AkbSgEJUjzZeuf1D6IbC8y6W/s320/elefante.JPG" width="240" /></a></div><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Quando eu era criança inventava histórias malucas que se transformavam em peças –encenadas pela trupe dos primos e amiguinhos, e em livros –com ilustrações e tudo. Havia em mim tanta liberdade de criação que me sentia inspirada por qualquer assunto, objeto ou pessoa. Os textos saiam em um minuto e eu não tinha vergonha de mostrá-los a ninguém. Eram até encomendados pela minha avó paterna para leitura nas quermesses que participava em Bertioga. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Eu mesma tomava a iniciativa de criar poemas em homenagem aos aniversariantes da família. Lidos em tom de solenidade. A amizade que tinha com as palavras e a intimidade que elas dividiam comigo pareciam tão normais quanto brincar de boneca. O tempo ou alguma experiência de rejeição, (não saberia dizer, sinceramente) me fez capaz de observar o metódo, quebrando para sempre a liberdade não vigiada dos sentidos. E nunca mais consegui escrever com tamanha anarquia. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Virei o elefante preso ao chão por uma cordinha. Tal qual o elefante, que não saía do lugar porque acreditava não poder arrebentar a cordinha, presa ao chão por um toco de madeira, eu desisti de correr atrás da minha cumplicidade com o abecedário. Reza a lenda que o amigo elefante quando pequeno fazia muita, mas muita força para se desvencilhar da cordinha e... nada! Continuava preso ao chão por mais esforço que fizesse. Cresceu temendo a cordinha e mais ainda o toco de madeira. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Mas amigo herbívoro fora do peso hoje você pode romper a cordinha!!! Grito sem dó nem piedade. E então me lembro que também posso resgatar a corrente criativa que me inundava na época dos papéis de carta e do grupo Balão Mágico. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Velhas experiências não podem nos acuar a vida inteira. Devem ser colocadas à prova, sempre. Quando deixamos de buscar os valores que expressam com grande beleza a nossa individualidade (a marca do invisível em cada um de nós) nos matamos em doses homeopáticas. Minguamos sem nos dar conta. Sim, vale a pena insistir naquele sonho guardado no baú. No amor nunca esquecido, no conhecimento não adquirido, na palavra não dita. Porque um dia arrebentamos a cordinha. Seja hoje, ou amanhã.</span></div></div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6450349722332953265.post-10795840373530986522010-09-22T08:31:00.001-07:002012-09-26T05:39:25.959-07:00Invisível<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: Arial; mso-ansi-language: PT;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq28lRGkfMZ-mzk-fJaOr1bgAqy7ArLng-E6Uq_vRlAuV4QxddXkOKeB4etW_HWkpuG4wLc3gMyijtslnPG-mAE8iZdIOKse6RwnkKYtYN0FGQu6wFpIYpOnZs3N6UdLTiCQS7hCbuxdWF/s1600/invis%C3%ADvel.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq28lRGkfMZ-mzk-fJaOr1bgAqy7ArLng-E6Uq_vRlAuV4QxddXkOKeB4etW_HWkpuG4wLc3gMyijtslnPG-mAE8iZdIOKse6RwnkKYtYN0FGQu6wFpIYpOnZs3N6UdLTiCQS7hCbuxdWF/s320/invis%C3%ADvel.JPG" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há duas maneiras de se perceber o mundo: pelos cinco sentidos ou pelo invisível. Podemos acreditar no que vemos, comemos, ouvimos, cheiramos ou tocamos como verdade única. Mas podemos, também, achar estranho as coisas tão óbvias e tão empacotadas e cavar mais fundo nos limites onde poucos já tentaram.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span lang="PT" style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-ansi-language: PT;">Prefiro a segunda opção. E sabe por quê? Porque dá trabalho aceitar o invisível. Porque o invisível nos faz acreditar que as coisas andam independentemente dos nossos passos. Das nossas ações, dos nossos pensamentos. E mais ainda, chegar a confortante (será?) conclusão de que o que vemos, comemos, ouvimos, cheiramos ou tocamos não passam de interpretações e não verdades imutáveis. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span lang="PT" style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-ansi-language: PT;">Há duas maneiras de se perceber o invisível: pelo vitimismo conformado ou pela gratidão. Podemos acreditar que o invisível –chamado por tantos nomes em tantas religiões, é o responsável por nosso destino e nos resta apenas barganhar migalhas de felicidade dia sim, outro também. Mas podemos achar estranho que o invisível seja rude, hostil, more num castelo longínquo e que tenhamos que falar com ele por meio de oração burocrática. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span lang="PT" style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-ansi-language: PT;">Prefiro a segunda opção. E sabe por quê? Porque dá trabalho aceitar o invisível como extensão de nós. Acreditar que no fundo, no fundo, sem os cinco sentidos as coisas já acontecem maravilhosamente, no ritmo harmonioso e correto. E que o invisível é sempre perfeito, do jeito que tem que ser, independente do nossos óculos embaçados. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Há várias maneiras de buscarmos grandes perguntas –porque com o tempo percebemos que as respostas são o que menos importa. Este espaço acolhe todas elas.</span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com10