Ser feliz dá um medo danado. Parece estranha e estúpida a
frase, mas é a mais pura verdade. Muita gente sente essa angústia e foge da
felicidade como o Diabo da Cruz. Sem compreender que está fugindo, até. Porque
para isso inventamos, inconscientemente, uma desculpa perfeita. Para o mundo e
para nós. Inventamos a felicidade superlativa.
A felicidade com “f” maiúsculo. Aquele sentimento de alegria
e bem estar que existe condicionado a quereres impossíveis de existir num mesmo
espaço de tempo. Porque a lista de itens da Felicidade consegue ser maior que o
patrimônio da Madonna. E atualizado a partir do momento em que começamos a chegar
perto de qualquer tópico: se estamos negociando a compra da casa dos sonhos a
Felicidade já passa a ser mobiliá-la, de preferência seguindo as orientações de
um renomado arquiteto (depois de tudo feito, sabemos que a casa vai ser trocada, enfim).
O amor perfeito, sucesso profissional, dinheiro que sempre
sobra, filhos saudáveis e igualmente felizes. O chefe amigo, amizades interessantes, fama, família em
harmonia, corpão em dia, milhares de curtidas no Face. A pele vigorosa anos a fio, inteligência
reconhecida, carrão na garagem, vigor sexual... cada um tem a sua. E apenas falando de microcosmo porque
acrescida à lista ainda temos itens ainda mais complexos, como a paz entre os
povos, o fim da fome, corrupção e das mazelas emocionais do homem moderno,
só para começo de conversa. O fato é que tudo isso é uma maneira de se esquivar
de sentir a felicidade real, a diminuta e fracionada que experimentamos, todos,
todo dia.
Porque a felicidade cotidiana fica sempre invisível frente a
Felicidade idealizada. Como enxergar um pôr-do-sol magnífico como Felicidade? Não
chega a tanto. E uma flor recebida de um pretendente (ainda se usa isso)?
Xiiiiii........ Se isso fosse Felicidade como enfrentaríamos o fato de a
sentirmos o tempo todo? Porque um dia esconde doses homeopáticas de felicidade.
Aquela real, lembra? A do “f” pequeno. Puxado, hein?
Será que estamos prontos para encarar essa
sensação de plenitude? Inteiramente nova (a agonia da ausência da Felicidade é velho
de guerra para nós). Ser feliz assim dá
um baita medo, e, olha, só estou pensando no assunto.
Eu não acho que a felicidade cotidiana dica sempre invisível frente a Felicidade idealizada. rs
ResponderExcluirÓtimo ponto de vista. Adorei!
Carla! É porque você já descobriu o pote de ouro no final do arco-íris! Você já valoriza toda felicidade que recebe: grande ou pequena! Eu estou tateando nesse campo ainda...rs mas sua visita e companhia me fazem muito Feliz! Beijo gande, :)
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