sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Felicidade superlativa




Ser feliz dá um medo danado. Parece estranha e estúpida a frase, mas é a mais pura verdade. Muita gente sente essa angústia e foge da felicidade como o Diabo da Cruz. Sem compreender que está fugindo, até. Porque para isso inventamos, inconscientemente, uma desculpa perfeita. Para o mundo e para nós. Inventamos a felicidade superlativa.

A felicidade com “f” maiúsculo. Aquele sentimento de alegria e bem estar que existe condicionado a quereres impossíveis de existir num mesmo espaço de tempo. Porque a lista de itens da Felicidade consegue ser maior que o patrimônio da Madonna. E atualizado a partir do momento em que começamos a chegar perto de qualquer tópico: se estamos negociando a compra da casa dos sonhos a Felicidade já passa a ser mobiliá-la, de preferência seguindo as orientações de um renomado arquiteto (depois de tudo feito, sabemos que a casa vai ser trocada, enfim).

O amor perfeito, sucesso profissional, dinheiro que sempre sobra, filhos saudáveis e igualmente felizes. O chefe amigo, amizades interessantes, fama, família em harmonia, corpão em dia, milhares de curtidas no Face.  A pele vigorosa anos a fio, inteligência reconhecida, carrão na garagem, vigor sexual... cada um tem a sua. E apenas falando de microcosmo porque acrescida à lista ainda temos itens ainda mais complexos, como a paz entre os povos, o fim da fome, corrupção e das mazelas emocionais do homem moderno, só para começo de conversa. O fato é que tudo isso é uma maneira de se esquivar de sentir a felicidade real, a diminuta e fracionada que experimentamos, todos, todo dia.

Porque a felicidade cotidiana fica sempre invisível frente a Felicidade idealizada. Como enxergar um pôr-do-sol magnífico como Felicidade? Não chega a tanto. E uma flor recebida de um pretendente (ainda se usa isso)? Xiiiiii........ Se isso fosse Felicidade como enfrentaríamos o fato de a sentirmos o tempo todo? Porque um dia esconde doses homeopáticas de felicidade. Aquela real, lembra? A do “f” pequeno. Puxado, hein?

Será que estamos prontos para encarar essa sensação de plenitude? Inteiramente nova (a agonia da ausência da Felicidade é velho de guerra para nós).  Ser feliz assim dá um baita medo, e, olha, só estou pensando no assunto.

2 comentários:

  1. Eu não acho que a felicidade cotidiana dica sempre invisível frente a Felicidade idealizada. rs
    Ótimo ponto de vista. Adorei!

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  2. Carla! É porque você já descobriu o pote de ouro no final do arco-íris! Você já valoriza toda felicidade que recebe: grande ou pequena! Eu estou tateando nesse campo ainda...rs mas sua visita e companhia me fazem muito Feliz! Beijo gande, :)

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